quem sou eu mesmo?
senão um comum humano
um prospecto de uma existência
um projeto manual
de forma carnal
sem latência
eu olhava para o por-do-sol e via meu coração aquecido
hoje já mal vejo a noite
e dentro de mim os sonhos já decaídos
eu olho agora a lua e rezo para meu por do sol voltar
uma prece tão profunda
quanto o azul do mar
o que eu fiz de errado, onde foi que eu deixei minha vida se tornar esse inferno?
eu me sinto tão perdido tão desiludido
pelas pequenas palavras de
desista ... o verão acabou , suporte o inverno
quem sou eu nessa historia?
meus dias passam sem nenhuma glória
sem nada para lutar
apenas suportar
o inverno passar
meu corpo padece desse tempo sem sonhar
sem tempo pra rir
tampouco chorar
não exijo mais nada
apenas uma companhia que me escute
nesta fase complicada
meu coração não sente mais
nem paixão , nem dor
frio
calor
anestesiado
sem mais
passo as horas pensando se eu merecia isso
se eu mereço de fato sozinho estar
as vezes me provoca riso
as vezes vontade de chorar
sou apenas a ilusão que dura pouco
e logo aparece algo real que toma meu lugar
assim como a voz retorna ao rouco
eu não pertenço a nenhum amar
eu soube o que era amar
tão profundamente
quanto desejaria ficar
eu agradeço por ao menos ter tido essa experiencia
de ter essa efêmera e importante vivencia
unica na vida até onde a literatura me diz
não sei se condiz
mas é o que diz
será que alguem sabe o que é olhar pela janela e desejar ser a noite?
não ser vivo, sem mais açoite
ser um ponto da escuridão a observar a luz que reflete da lua
iluminando esse mundo cruel e justo , a justiça crua
eu só queria um sonho e alguém para amar
perdi tudo
ganhei outras coisas
mas sei que devo lamentar
estavam errados
não existem melhores dias
quando vejo os fracos calados
e verdades tão frias
porque vida ?
porque me deixaste com essa ferida?
que não me mata
e não me faz lutar
me deixa em uma vida chata
sem ninguém para amar
sem sonhos para sonhar
sem vida para viver
sem ter lugar para correr
eu sou tão ruim assim?
