que outrora me deixou sorridente
aguardando a maré
quando eu ainda conseguia estar de pé
Sem sorte, sem azar
coração batendo
sem ter quem amar
Os lábios longe em solitárias notas musicais
longe daqueles olhos sem iguais
Coração cada dia mais petrificado
aguardando uma marretada
para finalmente ser quebrado
atualmente apenas o que resta de carne, está rasgado
Tentei abandonar certos estigmas
certos enigmas
o que me aconteceu?
não enxergo mais nada
não sei mais quem sou eu
um leve sorriso da manhã ao escurecer
transformo a dor latente e falsa felicidade
para tentar espairecer
Cada dia mais longe de alcançar o sentimento
qual o sentido disso?
me pego a pensar por um momento
O amor é mais do que dor
quase um castigo
é ter que estar sempre em perigo
O que adianta milhares de milhas ou apenas um suspiro?
se não existe mais oxigênio onde eu respiro?
Eu tentei ouvir meu coração
suspirar minha alma
mas nenhum destes me deu solução
Tentei ouvir minha esperança
tentei compreender a virtude de esperar
mas só me veio ignorância
um sentimento a me machucar
Não se trata mais de lamentar
é um fato
um fardo
que tenho que aceitar
viver sozinho talvez seja o caminho para continuar a ter quem ajudar
ter quem curar
sabendo que a cura nunca irá me alcançar
meu medo se vai
aonde o ponte decai
agora escuridão que venha me engolir
e leve meu poente, guarde-o bem
para que um dia eu possa sorrir
transformo cada lágrima nessas linhas douradas
douradas de gotas caladas
onde tudo pode ser belo e escuro
não coloque mais a chave, observe pelo furo
eu ainda sonharei tocando seus cabelos, sua face tão bela
ainda me pegarei a ouvir sua voz singela
ainda deixarei de temer o escuro
apagando a vela
não tenhas pena de mim
porque pra mim
sempre foi assim